quinta-feira, 10 de maio de 2012

DESVENDANDO A AMÉRICA LATINA_documentário

Serie de documentários com quatro episódios nos quais Álvaro Vargas Llosa nos leva a uma viagem polêmica pela história recente da América Latina.

Desvendando a América Latina - parte 1 O Imperialismo


PARTE 3 - O POPULISMO
PARTE 4 - O INDIGENISMO



Série retrata latinos para gringo ver                                                      
Sylvia Colombo

"A confiteria Ideal é um dos clichês turísticos mais batidos de Buenos Aires. Para lá são levados os estrangeiros que querem ver o ‘verdadeiro’ tango, aquele que não está nos salões mais modernos da capital. Nada melhor que um espaço assim para contar uma historinha sobre a América Latina .... para gringos. E é essa a idéia por trás da série de documentários ‘Desvendando a América Latina’, em quatro episódios, que começa a ser exibida hoje pelo National Geographic. O programa é escrito e apresentado por Álvaro Vargas Llosa, 42, ensaísta peruano, filho de Mario Vargas Llosa, conhecido por ser co-autor do livro ‘Manual do Perfeito Idiota Latino-americano’ e pela sua defesa do liberalismo nas análises que faz sobre o continente. E é no cenário tangueiro descrito acima que Vargas Llosa começa o capítulo dedicado a discutir o ‘imperialismo’. Ele compara a tensão entre os bailarinos e o sofrimento atávico ao gênero ao modo conflituoso como a América Latina se debate com os impérios que sobre ela exercem sua influência. Divagação um tanto tortuosa, mas que pode chamar a atenção de um espectador que estiver zapeando e resolver parar neste canal em que uma bela dançarina vestida de vermelho está servindo de metáfora para um povo dito oprimido. É esse tipo de clichê que Vargas Llosa, um conservador convicto, usa para tornar sua explicação sobre o continente atraente a um público amplo -além do penteado e do visual de intelectual dândi.
Busca histórica

Porém, por mais afetação e vaidade que apresente, a série do escritor tem méritos. Os capítulos, divididos em temas (indigenismo, novo autoritarismo, populismo e imperialismo), não se limitam a cair nos lugares-comuns direitistas que marcam sua visão sobre a América Latina hoje e estão expressos em suas entrevistas e em artigos para a imprensa global. O peruano teve a preocupação de fazer uma busca histórica à origem dos problemas latino-americanos. Por isso, obras de autores importantes dos séculos 19/20 são mencionadas, assim como algumas experiências relevantes de cada país são contadas, numa tentativa de relacioná-las à realidade. Desse modo, a série tem um didatismo garantido, pelo menos para um público comum, como o brasileiro, que pouca familiaridade tem com temas como a Revolução Mexicana de 1910 ou a obra seminal do uruguaio José Enrique Rodó, autor de ‘Ariel’ (1900). Na obra, por meio de uma referência shakespeariana (a peça ‘A Tempestade’), Rodó identificou de modo original até então as principais diferenças entre a América do Norte e a do Sul. Vargas Llosa também bate na porta de presidentes e obtém depoimentos momentosos de Michelle Bachelet (Chile), Álvaro Uribe (Colômbia), Alan García (Peru) e outros. Os inimigos do progresso latino-americano em sua opinião, porém, são identificados claramente. ‘Devemos refletir muito sobre o caudilhismo. É claro que existem tipos diferentes, dependendo do país e do período, mas todos guardam algo em comum. E o problema não são eles, os caudilhos, e sim nós. Precisamos nos perguntar porque continuamos com uma fé tribal, com uma necessidade de seguir sempre um bruxo de aldeia’, disse, em entrevista à Folha, por telefone. Vargas Llosa afirma que teve a iniciativa de fazer a série porque sentiu que, desde a ‘guinada à esquerda’ do continente, houve um aumento do interesse do público. ‘E porque considero que a atitude do governo norte-americano, de desviar os olhos daqui para o Oriente, um erro. Espero que eles não o percebam tarde demais.’

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